Venture capital na construção civil amplia atuação em 2023
Especialista da Terracotta Ventures, maior gestora de capital do setor na América Latina, apresenta teses para investidores ficarem de olho em 2023

O crescimento de 13,8% no número de construtechs e proptechs, que contempla empresas de tecnologia dedicadas à construção civil e o segmento imobiliário, no último ano, apontam para uma consolidação da massa crítica de startups do setor no Brasil – hoje, composto por quase mil negócios ativos.

Com o mercado em expansão e mais maduro, quando se trata de investimentos o desafio para os fundos de venture capital passa a ser garimpar as melhores soluções e oportunidades para investir capital em startups capazes de gerar um impacto real sobre a indústria da construção e o mercado imobiliário nacional.

Bruno Loreto, managing partner da Terracotta Ventures, maior empresa de venture capital focada em investimentos em negócios digitais no mercado imobiliário da América Latina, indica que alguns fatores dão pistas de como aproveitar os melhores acordos, especialmente no segmento de startups early stage (estágio inicial).

“Procuramos investir e conectar nossos parceiros a empresas que já tenham estabelecido seu ‘product market fit’, que tenham cerca de dois anos de mercado, que já tenham faturamento mensal superior a R$ 100 mil e uma boa base de clientes. E, claro, mantenham um produto que solucione a real necessidade do mercado para o qual a solução foi criada”.

Conforme o especialista, hoje o mercado está exigindo das startups early stage mais elementos de validação e tração antes de fechar negócio.

“Estão cada vez mais escassas aquelas rodadas de investimento em que bastava o empreendedor apresentar sua ideia em um powerpoint para levantar alguns milhões para o seu negócio. O mercado está mais conservador e os valores dos aportes também estão mais racionais”, aponta.

O setor de construtechs e proptechs tem movimento cíclico, com momentos de baixa e outros de alta, sendo importante uma atenção dos investidores ao momento atual da economia e do setor como um todo para direcioná-los quanto às tendências de negócio mais promissoras no curto, médio e longo prazo.

Com base no cenário atual, Loreto aponta quais são as tendências que devem estar em alta nas startups construtechs e proptechs em 2023 e que os investidores devem ficar de olho:

Startups com soluções voltadas para a redução de custos: num cenário de instabilidade econômica as soluções tecnológicas capazes de gerar redução de custos se fortalecem no mercado.

Hoje, explica, tem se observado uma nova onda de startups olhando para a redução de custos e outras melhorias no ambiente do canteiro de obras, que na Europa e nos Estados Unidos é uma das categorias que mais tem movimentado recursos, e, no Brasil ainda é um movimento tímido e que deve ganhar espaço pelo contexto inflacionário e necessidade de reduzir gastos nas obras.

“Os custos com materiais de construção tiveram recentemente um aumento significativo e qualquer solução que represente economia nas construções será bem-vinda”, diz.

Startups com soluções de otimização comercial e de vendas. Em 2022, o mercado de incorporação, por exemplo, teve uma retração no volume de novos lançamentos imobiliários e de receita. Isso floresce dores que antes o mercado não estava tão atento.

“Volta-se a se falar de aumento na possibilidade de distrato (do contrato) e de desafios de otimizar os processos de venda.”

Startups com soluções financeiras para o setor imobiliário chamadas de “real estate fintechs”. Segundo o especialista, as empresas de tecnologia que atuam nesse nicho de mercado permanecem em alta, especialmente diante de um cenário de maior restrição de crédito.

Startups com soluções voltadas ao ESG. Os negócios que impactam positivamente na questão climática, sociais e de governança corporativa estão em alta, porque as atividades relacionadas à construção civil representam cerca de 40% do total de emissões de carbono no mundo. Isso coloca o mercado imobiliário no centro da discussão de estratégias que reduzam os impactos ambientais.

“No mercado internacional os investimentos nessa área estão fortalecidos e, no Brasil, estamos começando a dar mais atenção para o assunto. As empresas estão mais dispostas a aderir a soluções e práticas de ESG, seja por pressão dos investidores do mercado imobiliário por empreendimentos verdes, seja através de uma busca mais proativa de soluções sustentáveis dos próprios empresários do setor”, finaliza Loreto.

 

Fonte: Grandesconstrucoes.com.br

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